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Miguel Barella e Giuseppe Lenti (o “Frippi”) se consagraram na New Wave paulista e brasileira, em meados dos anos 80, como dois de seus melhores guitarristas, principais responsáveis pelo som peculiar, moderno e intrincado, dos Voluntários da Pátria. Formados pela audição do jazz setentista-viageiro (Miles Davis, John McLaughlin, Don Cherry, Weather Report, Oregon), souberam entender bem as lições de urgência e rigor do pós-punk, plasmando uma música em que a generosidade da informação nunca se traduzia em excesso. Pelo contrário, para citar a afirmação de um fã do Television (aliás, outra referência fundamental) a propósito das guitarras do Tom Verlaine e Richard Lloyd, elas “só fazem sentido se forem ouvidas juntas”. Mas do que estética, essa “ética do instrumental” foi encontrar sua tradução mais precisa no projeto Alvos Móveis, após o fim dos Voluntários.

Um pouco por acidente, um pouco por contingência Giuseppe & Miguel foram desembarcar no formato espartano deste disco instrumental. Na verdade, ele faz parte de uma certa categoria de álbuns instrumentais que tentaram entender a função da guitarra no pós-pós-punk, movidas a bateria eletrônica e dedicados à depuração do discurso das seis cordas.